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Como o lojista pode enfrentar o fantasma da inadimplência
Seminário na Associação Comercial mostra as medidas desenvolvidas pelo setor varejista diante do consumidor em débito.
O número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da  Associação Comercial de São Paulo (ACSP), registrou queda contínua nos primeiros  quatro meses deste ano se comparados a igual período do ano passado. Segundo  relatórios do economista-chefe do Instituto de Economia Gastão Vidigal  (IEGV-ACSP), Marcel Solimeo, a variação negativa foi de 10% em janeiro, passando  a 16% em fevereiro e registrando queda de 12% em março ante igual mês de 2008. A  redução em abril foi de 22% ante o mês equivalente de 2008. Ao mesmo tempo, as  inclusões nos registros de devedores apresentaram tendência de queda mesmo  registrando variações positivas de 16%, 19%, 11% e 12%, respectivamente, entre  janeiro e abril deste ano, se comparado a igual período do ano  passado.
Os números orientaram o Seminário de Inadimplência realizado  ontem pela ACSP para debater impactos da crise internacional de crédito no  comércio varejista brasileiro. "Historicamente, a causa da inadimplência é o  desemprego, mas o aumento do comprometimento da renda antes da crise também  afeta diretamente a falta de pagamento hoje", disse Solimeo. O economista  informou que o comprometimento da renda das famílias com dívidas, que chegava a  14,5% em 2002, passou para 21,6% em 2007, atingindo 32,2% no ano passado. "Isso  mostra que, hoje, para conceder crédito é preciso muita cautela pois muitos  consumidores, mesmo conservando o emprego, estão mais endividados e continuam a  buscar mais empréstimos", observou.
Indicador de risco – Para evitar a  inadimplência ou, pelo menos, receber o máximo possível da quantia emprestada, o  Banco Sofisa implantou um programa de qualidade com diversos indicadores que  medem os riscos e as probabilidades de receber o dinheiro emprestado. De acordo  com o superintendente de recuperação de crédito do banco, Osvaldo Luis, cada  indicador tem um analista. "A inadimplência na primeira parcela é um dos  indicadores. Analisar a falta de pagamento nesse momento é muito importante para  a verif icação da qualidade do crédito", diz. Segundo o superintendente,  atualmente o nome do devedor é remetido ao SCPC no máximo dez dias depois do  vencimento da parcela. "Isso aumenta muito a qualidade da  recuperação."
icação da qualidade do crédito", diz. Segundo o superintendente,  atualmente o nome do devedor é remetido ao SCPC no máximo dez dias depois do  vencimento da parcela. "Isso aumenta muito a qualidade da  recuperação."
Para o diretor de crédito e cobrança da Casas Bahia, Paulo  Santos, também é importante investigar a fraude interna na inadimplência. "Elas  ocorrem com a participação de funcionários das próprias lojas, respondendo por  um número muito grande da inadimplência", disse o diretor, sem revelar a  porcentagem desse número em suas planilhas. Para evitar as fraudes e a  inadimplência, a empresa, de acordo com Santos, voltou-se plenamente para o  cartão de crédito. Hoje, 90% das transações são feitas com o dinheiro de  plástico, mesmo com o alto ônus das obrigações a pagar para as administradoras.  A situação se alterou em relação ao que ocorria há alguns anos atrás, quando a  esmagadora maioria dos pagamentos era realizada por meio de  carnês.
Tecnologia – Informação e novas tecnologias são os dois  fatores-chaves para o bom fornecimento do crédito ou a sua recuperação, na  análise da superintendente de produtos e serviços da ACSP, Roseli Garcia,  presente ao encontro. De acordo com ela, todas as soluções do SCPC apontam para  a eficácia do gerenciamento da concessão do crédito. "Na primeira carta enviada  pelo SCPC ao consumidor devedor, mandamos junto um boleto para a cobrança. Isso  deu muito resultado no pagamento. Outra experiência, o envio de uma segunda  carta, informando que o nome vai para a lista de devedores, também teve  resultado surpreendente. Esperávamos uma porcentagem de menos de 7% de retorno  mas conseguimos mais de 20%."
Para o presidente da Associação Comercial  de São Paulo, Alencar Burti, encontros como o que foi realizado ontem são muito  importantes para o desenvolvimento dos negócios. "Precisamos de informação para  superar a crise. Temos que entrar em contato com outras pessoas que estão  atuando no varejo para trocarmos experiências. Somente com a informação vamos  conseguir atravessar a crise no menor tempo e da melhor forma possível."
