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Anatel permite cobrança do ponto extra
Agência recua e afirma que o aluguel do equipamento de TV paga pode ser cobrado mensalmente nos pontos adicionais
HUMBERTO MEDINA
A Anatel (Agência Nacional de  Telecomunicações) voltou atrás e decidiu que as operadoras de TV por assinatura  podem cobrar pelo ponto extra. De acordo com a agência, a cobrança pode ser  feita desde que não seja pelo serviço ofertado (programação), e sim pelo aluguel  do equipamento. Em abril, quando anunciou a proibição, o órgão havia dito que  não poderia haver nenhum tipo de cobrança continuada no ponto  extra.
Anteontem, a Net, que havia suspendido a venda de ponto extra, retomou  a comercialização do produto, cobrando R$ 19,90 por mês. Ontem, em almoço com  jornalistas, o presidente da empresa, José Antônio Felix, defendeu a cobrança e  explicou que não está cobrando pela programação, e sim pelo aluguel do  equipamento. "Não tem como dar equipamento. Não existe isso no mundo",  afirmou.
Em abril, quando anunciou a proibição da cobrança pelo ponto extra,  a Anatel informou que apenas eventos específicos, como instalação e reparo,  poderiam ser cobrados pelas operadoras de TV por assinatura. Essa cobrança,  segundo a agência, poderia ser parcelada, mas não poderia ser contínua, como uma  mensalidade.
Na ocasião, o presidente da agência reguladora, Ronaldo  Sardemberg, foi questionado especificamente sobre a possibilidade de as  operadoras passarem a cobrar aluguel de equipamento para substituir a cobrança  pela programação. Sardemberg disse que essa hipótese seria reprimida pela  agência. "Fiscalização existe para isso", afirmou, na ocasião.
Ontem, no  entanto, ao ser questionada por meio de sua assessoria de imprensa, a Anatel  informou que a cobrança do aluguel pelo equipamento não fere o regulamento da  agência, desde que venha discriminada corretamente na  conta.
Consumidor
De acordo com a advogada Estela  Guerrini, o assinante que já tem ponto extra deverá ficar atento ao seu contrato  com a operadora. Se o contrato não prever pagamento pelo aluguel, ele não pode  ser cobrado. Ainda segundo a advogada, a agência reguladora já havia informado  que não poderia haver cobranças continuadas. "A Anatel deixou claro que não  poderia haver uma transferência de custo", disse  Guerrini.
Justiça
Independentemente da mudança de  posição da Anatel, a cobrança pelo ponto extra continua liberada liminarmente  pela Justiça, a pedido da ABTA (Associação Brasileira das Operadoras de TV por  Assinatura).
A liminar existe desde junho do ano passado, quando a agência  reguladora tentou pela primeira vez proibir a cobrança. Na ocasião, a Justiça  entendeu que o regulamento da Anatel não era claro o suficiente e permitiu que  as operadoras continuassem cobrando.
Depois da decisão, a própria Anatel  liberou a cobrança, enquanto elaborava um novo regulamento, com texto mais  claro. Esse novo regulamento ficou pronto em abril, ratificando a proibição de  cobrança.
A agência, no entanto, não apresentou nenhum recurso à Justiça  contra a liminar. A Anatel apenas enviou ao juiz o texto do novo regulamento. De  acordo com o órgão regulador, isso seria suficiente para derrubar a liminar, o  que não aconteceu até hoje.
