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Real lidera valorizações diante do dólar, que cai para R$ 1,835
No ano, a moeda já subiu 26,77% em relação ao dólar
TONI SCIARRETTA
Moeda de maior valorização no mundo em 2009, o real seguiu ontem a baixa  global do dólar, que teve sua menor cotação desde meados de setembro em relação  às principais moedas internacionais. No Brasil, a moeda americana recuou 1,6% e  terminou a R$ 1,835, menor valor desde 25 de setembro. 
Considerado reserva  de valor em época de crise, o dólar recua com a perspectiva de recuperação  mundial e a consequente alta nos preços de ações, petróleo, metais, alimentos,  títulos e moedas de países emergentes. No Brasil, o real segue a alta das  commodities. No ano, a moeda já subiu 26,77% em relação ao dólar, à frente do  rand sul-africano (20,15%), do dólar australiano (19,48%) e do peso chileno  (18,17%), moedas de produtores de commodities e que tiveram forte retomada,  segundo dados da Bloomberg. 
Na China, as Bolsas dispararam, mas o câmbio é  fixo. Segundo analistas, a mudança no humor dos mercados ocorreu tão  rapidamente, que não há um piso para a taxa de câmbio brasileira, que pode  romper a barreira de R$ 1,80. 
O investidor estrangeiro que traz dinheiro ao  Brasil ganha tanto com o retorno na renda fixa e na Bolsa do país como com o  câmbio. "Basta ver a valorização da Bolsa em dólares, que já está quase em 90%,  enquanto em real é de menos de 50%. O estrangeiro tem acesso a um retorno na  Bolsa que o brasileiro não tem. Por isso tem tanto dinheiro para ações da  VisaNet e do Santander", disse Sidnei Nehme, da corretora NGO.
A VisaNet  lançou ações na Bovespa em julho, enquanto o Santander prepara aumento de  capital para este ano. No ano, o Ibovespa já subiu 88,25% em dólares e 49,13% em  reais. Entre as 20 maiores Bolsas, a brasileira só perde para as chinesas de  Xangai (90,17%) e Schenzen (105,97%). 
Ontem, a Bovespa operou em alta  durante todo o pregão e chegou a bater nos 56.200 pontos. Terminou com alta de  2,25% e 55.997 pontos -maior nível desde 28 de agosto. Com as perspectivas de  melhora nos mercados, investidores estrangeiros encerraram o mês de julho com  forte aposta na queda do dólar na BM&F -tinham US$ 4,1 bilhões posicionados  para ganhar com a baixa da moeda em agosto.
Até o início de julho, os  estrangeiros acreditavam na alta. "O estrangeiro consegue influir na taxa de  câmbio pela BM&F. E o BC não tem instrumento para conter isso", disse Nehme.  Na avaliação do consultor Miltom Wagner, que faz projeção de cenário com base  nas posições de investidores, não será surpresa se o dólar descer até R$ 1,70 e  R$ 1,68 em médio prazo. Já para os próximos dias, ele vê possibilidade de a  moeda romper R$ 1,80. 
"O dólar foi a R$ 1,55 no ano passado. Por que, não  pode ficar abaixo de R$ 1,80 agora que as condições são melhores? O mercado pode  até mudar, e o dólar voltar a subir. Mas não está com cara", disse Wagner.
