Notícias
RS - Governo lança medidas tributárias para ampliar competitividade da economia no Estado
Deste modo, a Sefaz ajustou a carga tributária na expectativa de que o crescimento dos setores beneficiados compensará a redução da mesma.
O  governador Tarso Genro lançou um conjunto de medidas tributárias, nesta  quinta-feira (19), no Palácio Piratini, para aumentar a competitividade  da economia gaúcha. Todas as ações são direcionadas para a indústria  (incluindo a metal-mecânica) e representam desoneração com o objetivo de  auxiliar a superar a crise ocasionada pelo efeito da estiagem e pela  turbulência internacional que atinge o Brasil e o Rio Grande do Sul. 
As  medidas foram elaboradas pela Secretaria da Fazenda (Sefaz) a partir de  um mapeamento do titular da pasta Odir Tonollier e do secretário de  Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijkik, que  detectaram setores onde o Estado pode estimular a competitividade. Deste  modo, a Sefaz ajustou a carga tributária na expectativa de que o  crescimento dos setores beneficiados compensará a redução da mesma. 
"Além  de grandes investimentos em infraestrutura, com recursos de operações  de crédito e convênios com o Governo Federal, o Estado está tomando  medidas de estímulo às nossas indústrias com o objetivo de superar  gargalos da produção, especialmente na nossa matriz produtiva", explicou  Tonollier. Para o titular da SDPI, "as medidas vão ao encontro das  reivindicações dos segmentos industriais do Rio Grande do Sul e compõem  a iniciativa anticíclica do Governo".
Mais do que uma ação  anticíclica, o que o Governo do Estado busca é alavancar a produção e a  competitividade das indústrias gaúchas, projetando-as inclusive para  fora do Estado. Há, portanto, medidas como o diferimento de ICMS para  importação de milho, soja e farelo, relacionada diretamente com a quebra  de safra (anticíclica), como também medidas que preveem dar mais fôlego  ao "caixa" das empresas e, portanto, maior capacidade de competição no  mercado interno e externo: como é o caso da redução do período de  apropriação dos créditos dos bens do ativo permanente. 
A redução  de alíquotas para equipamentos para hidrelétricas, por sua vez,  provocará significativo impacto não só para a indústria como para o  campo. Dados da federação das Cooperativas de Energia Telefonia e  Desenvolvimento Rural do RS (Fecoergs) apontam que a desoneração pode  representar até 6% de desconto sobre o custo de uma obra de Pequena  Central Hidrelétrica (PCH). Desta forma, o Governo do Estado reafirma  sua estratégia de buscar a independência energética e levar a energia  elétrica a todas as residências do interior do Estado. 
Aposta na economia gaúcha 
Durante  a cerimônica de lançamento, Mauro Knijinik reforçou o trabalho do grupo  transversal entre SDPI e Sefaz, que permite maior agilidade ao Governo  do Estado para dar as respostas aos setores considerados em situação  "crítica". Já o secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento  Econômico e Social (CDES-RS), Marcelo Danéris, reforçou o papel da sua  pasta, cujas recomendações de fomento ao setor produtivo foram  encaminhadas ao governador, auxiliando na decisão das medidas: "Como vem  fazendo desde a criação do Conselhão, o governador recebe recomendações  dos integrantes para aprimorar as iniciativas governamentais". 
"Esse  conjunto de ações está potencializado pelo cenário em que vivemos de  juros baixos e crédito abundante, especialmente pelos bancos oficiais.  Temos pleno emprego e renda, portanto, apostamos na recuperação a partir  do segundo semestre", disse Tonollier. 
Antes de assinar os  decretos, Tarso Genro ressaltou que "medidas como essas não são fáceis  de serem tomadas" e que o Governo aposta em um retorno positivo para o  Estado: "estamos fazendo renúncias de impostos para alavancar a economia  gaúcha e vamos monitorar como essas medidas incidirão sobre a nossa  produção". 
Ainda de acordo com o chefe do Executivo, as medidas  só foram possíveis graças à transversalidade do Governo e também à sua  capacidade de diálogo com os diversos setores, seja pelo Conselhão ou  pelas Secretarias. "Todo o conjunto do Estado e os mecanismos de  participação da sociedade incidiram no trabalho que hoje se traduz  nestas medidas", concluiu. 
O conjunto de ações do Governo  Estadual foi bem recebido pelo setor industrial. "A redução de impostos  alivia os investimentos fixos, atinge os setores mais afetados pela  crise internacional e faz com que no ICMS apropriável não seja mais em  quatro anos, mas em três", disse o presidente da Federação das  Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor Müller. "São medidas pontuais, é o  começo, como disseram o governador e o secretário Tonollier, e temos de  ter parcimônia, pois o Estado também tem um orçamento e está  trabalhando nisso", acrescentou ao final da cerimônia no Palácio  Piratini.
Medidas Tributárias 
1 - Ativo permanente (máquinas e equipamentos) 
Reduz  o período de apropriação dos créditos dos bens do ativo permanente,  quando estes bens forem produzidos no Estado, com o objetivo de agregar  vantagens competitivas às indústrias do Rio Grande do Sul. A medida  segue no sentido de desonerar totalmente os bens de capital, o que é  recorrente em quase todos os países desenvolvidos, para estimular a  produção. 
Nesta primeira etapa o prazo será reduzido para 36  meses, mas, na medida do possível, serão promovidas reduções gradativas  até zerar o imposto. A ação beneficia tanto os fornecedores gaúchos de  bens de capital (ganham vantagem competitiva) quanto as empresas  adquirentes (reduz o custo de produção). Será reduzido de quatro para  três anos, em duas etapas: 48 meses para 42 meses - a partir de  1º/07/2012 e 42 para 36 meses - a partir de 1º/01/2013). 
Período indeterminado. 
2 - Redução de alíquotas para estruturas metálicas 
Reduz  de 17% para 12% a alíquota interna de estruturas pré-fabricadas, de  ferro ou aço, quando realizadas pelo próprio fabricante, para dar  condições de concorrência às indústrias do Estado com as de outros. Esta  medida também favorecerá as vendas das indústrias locais para fora do  Estado, pois permitirá que estas operações sejam tributadas a 12%,  quando hoje incide a alíquota de 17% para o consumidor final (inclusive  para outros estados). 
Período: 1º de julho a 31 de dezembro 2012. 
3 - Redução de alíquotas para equipamentos para hidrelétricas 
Isenta  o ICMS nas saídas internas, no diferencial de alíquota nas aquisições  de fora do Estado e nos recebimentos decorrentes de importação de  máquinas, aparelhos e equipamentos industriais para Centrais Geradoras  Hidrelétricas (CGHs) ou Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Prazo  permanente. 
Com a medida, o Governo reafirma seu apoio  estratégico ao setor de energia hidrelétrica e seu potencial de geração  de energia com baixo impacto ambiental. Atualmente a tributação para os  equipamentos destinados às PCHs, frente à isenção concedida às usinas  eólicas, tem levado à migração de projetos de investimentos de PCHs para  o setor de energia eólica. 
Período: a partir da publicação do Decreto, tempo indeterminado. 
4 - Redução de ICMS da bebida de soja 
Reduz  a carga de ICMS da bebida de soja de 25% para 17%. A alteração -  proposta pelo Rio Grande do Sul e aprovado pelo Confaz - visa estimular o  consumo das bebidas à base de soja para que tenha uma maior  representatividade no Estado, já que atualmente está abaixo da média do  mercado nacional. 
Período: 1º de setembro de 2012 a 30 de junho de 2013. 
5 - Crédito presumido a estabelecimentos de mercadorias para uso naval 
Concede  crédito presumido de 9% para estabelecimentos fabricantes de  mercadorias para uso naval com o objetivo de proteger a economia e  estimular esta atividade no Estado. São beneficiados com a medida  fabricantes de cabos e cordas para uso naval, fornecedoras de produtos  principalmente para o Estado do Rio de Janeiro - que concede benefício  equivalente e sede dos maiores estaleiros nacionais e empresas de  navegação marítima. 
Período: da publicação do decreto até 31 de março de 2013. 
6 - Isenção de casca de arroz 
Isenta  as saídas internas de cinza de arroz, bem como as correspondentes  prestações de serviço de transporte, a partir de 1º de setembro de 2012,  com vistas a tornar viável e incentivar o aproveitamento dos resíduos  da indústria arrozeira. 
O Rio Grande do Sul tem sido pioneiro na  geração de energia renovável, destacadamente na forma de usinas  termelétricas movidas por queima da casca de arroz, muito abundante no  Estado, as quais geram um excedente de cinzas de 140 mil toneladas/dia,  devendo alcançar 250 mil toneladas/dia em 2015. A utilização comercial  dessas cinzas, material hoje jogado diretamente na natureza, além de  gerar valor econômico por meio do barateamento da construção civil,  trará benefícios ao meio ambiente. A partir de 1º de setembro de 2012. 
7 - Diferimento de ICMS para importação de milho, soja e farelo 
Difere  o ICMS na importação de milho, soja e farelo de soja, com vistas a  suprir o mercado de biodiesel e de rações para suinocultura e  avicultura. 
A medida tem o objetivo de garantir os níveis de  atividade na suinocultura e avicultura e nas indústrias de biodiesel,  transformando a aquisição de insumos importados, com o diferimento do  imposto, uma alternativa oportuna para viabilizar estas atividades até o  início da próxima safra. Com o diferimento na importação cria-se também  uma alternativa às aquisições de outras unidades da Federação, mais  caras para o Estado. 
Período: da publicação do decreto até a próxima safra. 
8 - Isenção de ICMS das vendas de carnes de suíno e suínos vivos 
Por  meio de uma política tributária unificada para os três estados do Sul, a  alíquota passa a ser zero nas vendas interestaduais de suínos vivos e  carnes de suínos. Busca-se com isto reduzir os custos da operação,  gerando uma alternativa ao produtor gaúcho, especialmente neste momento  de crise em que vive o setor. A medida é por tempo determinado. 
A  isenção aplica-se às vendas internas de carne suína e demais produtos  comestíveis frescos, resfriados e congelados, decorrentes do abate.  Deste modo, o Governo faz frente à crise no setor, incentivando o  comércio varejista a adquirir o produto internamente em detrimento da  aquisição de outras unidades da Federação. Retroativo a 16 de julho.
